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Delegado responsável por investigação sobre queda de balão com 8 mortos é exonerado em SC

Delegado responsável por investigação de acidente com balão em SC é exonerado O delegado Rafael Gomes de Chiara, responsável pela investigação do aciden...

Delegado responsável por investigação sobre queda de balão com 8 mortos é exonerado em SC
Delegado responsável por investigação sobre queda de balão com 8 mortos é exonerado em SC (Foto: Reprodução)

Delegado responsável por investigação de acidente com balão em SC é exonerado O delegado Rafael Gomes de Chiara, responsável pela investigação do acidente de balão em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, foi exonerado pelo Governo do Estado. A exoneração foi publicada no Diário Oficial na sexta-feira (7). Ele atuava em Santa Rosa do Sul, e foi o responsável pelo inquérito do acidente com balão, que terminou sem nenhum indiciamento no início de outubro. Com a troca, o delegado André Coltro passa a comandar a delegacia do município. ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp Mãe e filha, médicos, patinador artístico e casais: quem são os mortos em queda de balão Investigação sobre queda de balão com 8 mortos é finalizada sem apontar responsáveis Em nota, a defesa do delegado afirmou que a exoneração foi motivada por retaliação política após ele se recusar a fazer indiciamentos sem base legal no caso do acidente com balão (veja nota na íntegra no final da matéria). De acordo com o Governo do Estado, a demissão ocorreu por infrações disciplinares e por um ato de improbidade administrativa. Entre os motivos apontados, está o uso indevido de um veículo apreendido em 2021, que deveria ser usado em ações contra o tráfico de drogas. O delegado também teria feito publicações ofensivas contra a Corregedoria da Polícia Civil e se recusado a participar de uma sindicância. "Em síntese, constatou-se que em março de 2021, o acusado, embora atuando na CRPP de Itapema, representou judicialmente perante a 2ª Vara Criminal da Comarca de Balneário Camboriú pela posse provisória do veículo, apreendido na CPP de Balneário Camboriú em decorrência de procedimento policial flagrancial, obtendo a autorização judicial, sob o argumento de uso no combate ao tráfico de drogas e demais diligências policiais de cunho investigativo, porém teria utilizado para fins diversos, além de uso indevido no mês de junho de 2021 em local distante da sede onde deveria servir e em período de férias", diz trecho do documento. Além da exoneração, o delegado está proibido de assumir cargos públicos pelos próximos seis anos. Ao ser questionado pela NSC sobre possíveis novas diligências relacionadas ao acidente, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que as investigações continuam em andamento, mas estão sob sigilo. Acidente com 8 mortes Queda de balão em Praia Grande (SC) Redes Sociais/Reprodução Com base em depoimentos colhidos com o piloto e os sobreviventes, a Polícia Civil divulgou que: O balão subiu por volta das 7h de 21 de junho com 21 pessoas a bordo e, logo no início do passeio, começou a pegar fogo; O extintor que estava dentro do cesto do balão não funcionou; O balão começou a descer e, quando estava perto do solo, os sobreviventes pularam, entre eles estava o piloto; Mais leve, a estrutura voltou a subir. Quatro das vítimas pularam de uma altura de cerca de 45 metros e morreram; As chamas aumentaram e o cesto, com outras quatro vítimas, despencou. Elas morreram carbonizadas; Os bombeiros enviaram o primeiro relatório sobre a queda às 8h18. Após o acidente, todos os voos na cidade foram suspensos, e as dezenas de empresas que atuam na região só puderam retomar as atividades na manhã de 2 de julho. Raio-X do balão que pegou fogo com 21 pessoas em Praia Grande (SC) g1 O que diz a defesa do delegado "NOTA À IMPRENSA A defesa do Delegado de Polícia Rafael vem a público denunciar a grave distorção institucional que se instalou após a conclusão do inquérito referente ao acidente com balão em Praia Grande. Logo após a entrega do relatório final — construído com rigor técnico, independência e absoluta fidelidade às provas — o Delegado passou a sofrer ataques públicos e privados, inclusive uma ligação direta do Delegado-Geral afirmando que levaria ao Governador pedido de demissão, baseado em fatos administrativos antigos que jamais justificaram punição extrema em toda a história da Polícia Civil. A súbita movimentação de procedimentos administrativos paralisados há anos, coincidente com a divulgação do relatório à imprensa, revela uma dinâmica que não pode ser ignorada: uso político da máquina pública e tentativa de retaliação contra um delegado que apenas cumpriu a lei e recusou-se a fabricar indiciamentos sem justa causa. É inadmissível que uma autoridade máxima da instituição trate decisões técnicas de forma política. É inadmissível que um delegado seja ameaçado de demissão por cumprir seu dever legal. É inadmissível que a máquina pública seja instrumentalizada para atender ambições individuais. A defesa reforça: o procedimento disciplinar que deu origem à decisão de demissão foi instaurado em 11 de março de 2022, remetido ao Governador em 04 de setembro de 2023, e somente foi ressuscitado após o delegado não ceder às pressões e se recusar a indiciar pessoas sem fundamento jurídico. A coincidência não é ingênua. É evidente. É perigosa. O país assiste, em diversas instituições, a tentativas de transformar cargos públicos em palanques eleitorais. Esse episódio é mais um alerta: quando a independência funcional é violada, não é apenas um delegado que sofre; é a sociedade que perde. A defesa tomará todas as medidas judiciais necessárias — inclusive para responsabilização individual de quem se valeu do cargo para perseguição política — a fim de restaurar a legalidade e proteger a integridade de um servidor que sempre atuou com técnica, dignidade e respeito ao Estado de Direito. A verdade não se curva à conveniência política. E não será agora. Atenciosamente, Francine Kuhnen" VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias