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TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 5: porongas na cabeça, ONU cobra plano de segurança e o Fóssil do Dia

Olá, aqui quem escreve é Roberto Peixoto, repórter de Meio Ambiente no g1. Este é o Termômetro da COP30, edição #DIA 5, um boletim com o essencial que vo...

TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 5: porongas na cabeça, ONU cobra plano de segurança e o Fóssil do Dia
TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 5: porongas na cabeça, ONU cobra plano de segurança e o Fóssil do Dia (Foto: Reprodução)

Olá, aqui quem escreve é Roberto Peixoto, repórter de Meio Ambiente no g1. Este é o Termômetro da COP30, edição #DIA 5, um boletim com o essencial que você precisa saber sobre a 30ª Conferência do Clima da ONU. Eu vou explicar para você, em 7 tópicos, como foi a quinta-feira em Belém. Entre os destaques, eu conto que a união entre os países amazônicos ganhou força e colocou a cooperação no centro das conversas. Vou falar também por que a segurança da COP entrou de vez no radar da ONU depois da confusão na Blue Zone. E ainda explico como a marcha das porongas tomou as ruas de Belém, iluminou a noite e virou uma das imagens mais marcantes do dia. 1 - Em alta X em baixa EM ALTA: 🌿 A ideia de união (o tal do multilateralismo) entre países ganhou força na COP30. No encontro dos ministros do Meio Ambiente dos países amazônicos, ficou claro que todo mundo quer trabalhar junto para proteger a região e colocar em prática o que foi prometido nos últimos anos. Ao mesmo tempo, há uma cobrança cada vez maior por ações mais rápidas diante da crise climática. "É natural que esta conferência seja diferente das anteriores, porque estamos fazendo a transição para a fase de implementação. O essencial aqui é, de um lado, uma mensagem de apoio ao multilateralismo e, de outro, uma resposta à urgência, acelerando a cooperação internacional", afirmou Tulio Andrade, diretor de estratégia e alinhamento da COP30. EM BAIXA: 🚨 A segurança e a infraestrutura da COP30 entraram no radar da ONU. Depois da confusão de terça na Blue Zone, a organização cobrou do governo ações rápidas para corrigir falhas como portas sem vigilância, pouco efetivo e problemas de temperatura nos pavilhões (cenas de delegados se abanando com leques até viralizaram nas redes). A Casa Civil diz que já reforçou barreiras, policiamento e a climatização do local. 2 - Brisa de esperança: a COP da verdade ganha força No meio de tanta tensão, tem um sinal positivo surgindo na COP30. Pela primeira vez, a conferência colocou de forma clara o combate à desinformação no centro das discussões. E isso importa muito mais do que parece. Nos últimos meses, como lembrou o enviado especial Frederico Assis em entrevista ao g1, as fake news sobre a COP cresceram mês a mês. Esse tipo de conteúdo confunde, atrasa decisões e cria um clima de dúvida bem na hora em que o mundo precisa de clareza. Agora, mais de dez países, entre eles Brasil, França, Alemanha e Canadá, decidiram assumir um compromisso formal para proteger a integridade da informação sobre clima. A ideia é simples: garantir que as pessoas tenham acesso a dados confiáveis e que o debate público não seja dominado por mentiras. Ainda é cedo para saber até onde isso vai. Mas, num momento em que a desinformação virou arma, ver a COP30 tratar o tema como prioridade já é uma brisa de esperança. Esta é a primeira COP que traz a integridade da informação como tópico da agenda de ação. Pela primeira vez temos dois dias [de programação] dedicados à integridade da informação. E isso também vai para o processo de negociação. O mundo pode abandonar os combustíveis fósseis? Entenda os argumentos nesse VÍDEO Delegados ouvem o discurso de abertura de Lula na Cúpula de Líderes da COP 30, em Belém, na quinta-feira, 6 de novembro de 2025. AP Photo/Eraldo Peres 3 - Traduz aí, g1 O QUE SÃO AS NDCS? Se você está acompanhando a COP30, está trombando com essa sigla o tempo todo. E ela é mais simples do que parece. As NDCs são o plano climático oficial que cada país entrega para a ONU dizendo, basicamente, o que pretende fazer até 2035 para cortar emissões e se preparar para os impactos do clima. 📝ENTENDA: As NDCs são as metas dos países, o o principal instrumento do Acordo de Paris para enfrentar a crise climática. A rodada atual - chamada de NDCs 3.0 - pode ser a última chance real de manter vivo o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C. É como se fosse o “dever de casa” do Acordo de Paris: cada país escreve o que promete fazer, e precisa atualizar essa promessa a cada cinco anos, sempre aumentando a ambição. Em Belém isso virou um ponto central porque 2025 é justamente o ano da nova rodada de NDCs. E os números até agora estão assim: 114 países já enviaram uma nova NDC 83 ainda não mostraram nada Juntos, os países que já atualizaram representam 72% das emissões globais Ou seja: muita gente já mostrou a que veio, mas alguns dos grandes emissores seguem devendo (como a Índia). E isso importa porque, no fim das contas, é esse conjunto de metas que diz se o mundo ainda tem chance de ficar dentro do limite de 1,5°C. Por que limitar o aquecimento a 1,5°C é a meta perseguida? 4 - Pergunta do dia: e quando termina a COP? No 5º dia de COP, já dá para sentir uma pergunta pairando no ar. Aquela que ninguém faz no microfone, mas todo mundo cochicha no corredor: será que essa COP vai mesmo terminar no prazo? A presidência brasileira garante que sim e diz que tudo deve fechar na sexta-feira, 21 de novembro. O clima é de otimismo: a ideia é mostrar que dá para entregar resultados sem virar a madrugada na Blue Zone. Seria quase histórico. E é aí que entra o porém. Desde 1995, só três COPs conseguiram cumprir o horário. A última foi em 2003, quando ninguém tinha smartphone e o Orkut nem existia ainda. As COPs quase nunca acabam no prazo. Arte/g1 - Gui Sousa De lá para cá, praticamente todas estouraram em mais de um dia. No ano passado, no Azerbaijão, o atraso foi de 36 horas. Então, respondendo à pergunta: existe sim uma chance de encerrar no prazo. Mas, como você já sabe, a COP tem vida própria. E sempre cabe um plot twist climático no final. Quer mandar uma pergunta pro TERMÔMETRO? Envie pelo VC no g1 ou nos comentários desta reportagem 5 - Fóssil do Dia O Fóssil do Dia desta quinta foi para o Japão, acusado por organizações da sociedade civil de “financiar destruição, bloquear justiça e vender falsas soluções” durante a COP. Segundo as organizações da Climate Action Network, o Japão levou o “prêmio” por três razões. A primeira é que, no pavilhão do país, o governo está apostando em tecnologias apresentadas como soluções climáticas, mas que, segundo ativistas, acabam funcionando como atalhos para manter a indústria de combustíveis fósseis ativa por mais tempo. O segundo motivo é o apoio do Japão a grandes projetos de gás na Austrália, criticados por afetar territórios e culturas indígenas e avançar sem o consentimento adequado das comunidades. Desde 2008, Japão e Coreia já investiram mais de US$ 20,5 bilhões nesses empreendimentos. Um ativista fantasiado de Pikachu participa da entrega do “Fóssil do Dia” ao Japão durante a COP30, em Belém, em um ato satírico que critica a postura do país nas negociações climáticas. Climate Action Network Por fim, o Japão também foi acusado de travar o debate sobre transição justa na ONU, ao resistir a incluir justiça, equidade e participação social em um acordo mais robusto e apoiar a opção de adiar decisões até 2026. 📝ENTENDA: A transição justa é um tema central da COP30, apelidada de “COP da Verdade” pela presidência brasileira. Nada mais é do que garantir que a mudança para uma economia limpa seja feita de forma inclusiva, protegendo trabalhadores e comunidades que podem ser afetados pelo processo. 🦖 O "Fóssil do dia" é um "prêmio" é simbólico e irônico, concedido uma vez por dia durante as conferências climáticas da ONU. Relembre o conceito de transição justa no TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 1 6 - Você precisa assistir É hora de arregaçar as mangas e agir, alerta diretora da ONU No vídeo acima, a diretora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, faz um dos recados mais claros desta COP30: não agir contra a crise climática sai caro, e principalmente para quem menos tem. Ela cita tempestades, secas, enchentes e perdas na agricultura como impactos que já atingem populações inteiras e lembra que pequenos países insulares, como os do Pacífico, estão na linha de frente da crise. Andersen lembra ainda que cada país tem sua realidade, mas todos fazem parte do mesmo esforço. Ninguém resolve a crise sozinho. Dê o play para assistir. É curto, direto e importante. 7 - Além da imagem Manifestantes usam porongas durante marcha em defesa da floresta viva e dos territórios na COP30, em Belém, em 13 de novembro de 2025. REUTERS/Adriano Machado MAIS DO QUE UMA FOTO: Na imagem, extrativistas marcham pelas ruas de Belém com pequenas lamparinas presas na cabeça. São as porongas, usadas por seringueiros para iluminar a mata à noite. Na COP30, elas ganham outro sentido: cada luz acesa lembra que a defesa da floresta continua e começa por quem vive dela. O “Porongaço dos Povos da Floresta” reuniu mais de mil lideranças de vários biomas em defesa da floresta viva e dos territórios. A marcha também marcou os 40 anos do Conselho Nacional das Populações Extrativistas e terminou com a entrega de uma carta com propostas para autoridades brasileiras e internacionais. Amanhã, acompanhe mais um TERMÔMETRO DA COP30. Até lá! LEIA TAMBÉM: Preços de hospedagem caem quase 50% em Belém às vésperas da COP 30, aponta Airbnb Cúpula de Belém surpreende ao trazer de volta o petróleo para o foco das negociações da COP Tornado, ciclone, furacão: entenda as diferenças entre os fenômenos meteorológicos